segunda-feira, 9 de julho de 2012

Parte-me o coração

O meu pai, aos poucos e poucos, vai perdendo a visão. Culpa de uma doença silenciosa, a quem não se dava muita importância, mas que vai fazendo os seus estragos: diabetes. E ele que se vai mantendo activo, a trabalhar como se não tivesse nada, vai perdendo a sua independência: já lê muito mal o jornal, os mails, e muitas tarefas mais que sou eu que tenho que fazer. Há dias que me irrita profundamente porque acabo por não ter tempo para fazer o meu trabalho. Mas depois penso que tenho o dever de o ajudar, quer como colaboradora da empresa, mas ainda acrescida pelo amor que lhe tenho como filha. Ainda conduz, mas só durante o dia. Hoje de manha não tomou a insulina e estava aqui ao meu lado a dizer que se estava a sentir mal, e eu há a fazer mil filmes, já me faltava o ar... Sou assim, penso logo no pior, mas a verdade é que não consigo imaginar a minha vida sem os meus pais. Às vezes faço das tripas coração para não me melindrar com coisas que se vão passando, principalmente aqui no trabalho (e não é nada fácil), porque quero ter com eles os melhores tempos possíveis. Não quero ter ressentimentos, nem sentimentos de arrependimento, do que devia ter feito ou não ter feito... Porque ainda hoje eles tudo fazem por mim quando preciso e muitas vezes sem o pedir

1 comentário:

  1. Há quase 20 anos que o relacionamento com os meus pais se esboroou de vez, por isso tenho uma "inveja" saudável de quem consegue mantê-los a eles e ao seu carinho por perto:-)Quem me dera...

    ResponderEliminar